Biosseguranca

 

Importância da biossegurança para
os trabalhadores da saúde

Foi a partir da década de 1980, por meio dos estudos realizados pelos pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) que as instituições hospitalares brasileiras começaram a se preocupar com a saúde de seus trabalhadores (SÃO PAULO, 2007).

Com o reconhecimento da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (SIDA) e com as altas taxas de mortalidade associada a ela, assim como com a descoberta de que o vírus HIV, o agente etiológico, podia ser transmitido pelo sangue, os profissionais de saúde passaram a se preocupar mais efetivamente com a prevenção de acidentes e com os riscos ocupacionais (ALMEIDA et al., 2009; VILLARINHO; PADILHA, 2014).

Nos dias de hoje, além da preocupação com o HIV, os profissionais estão mais conscientes da necessidade de prevenção de acidentes com o vírus da Hepatite B e C e da Tuberculose, Influenza, além de outros (ALMEIDA et al., 2009).

O Ministério do Trabalho é o responsável pela coordenação, orientação, controle e supervisão da fiscalização e demais atividades relacionadas à segurança e à medicina no trabalho, por meio das Normas Regulamentadoras (NR), que disciplinam essas questões em caráter amplo, tratando de questões comuns a todos os trabalhadores (BRASIL, 2008).

A NR32 diz respeito à Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde, e tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral (BRASIL, 2005).

As diretrizes gerais para o Controle das Infecções em Serviços de Saúde são delineadas pelo Ministério da Saúde, por meio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), com foco na problemática das infecções relacionadas à assistência (BRASIL, 2001).

Como no atendimento ao paciente muitas vezes é impossível identificar se o mesmo é portador de doença e as probabilidades de transmissão desta, qualquer pessoa deve ser considerada como potencialmente infectada, sendo fundamental a adoção de medidas para a proteção pelos trabalhadores da saúde (GIR et al., 2004).

Assim sendo, as instituições hospitalares, bem como a legislação vigente em nosso país, enfatizam as precauções padrão e as precauções baseadas na transmissão envolvendo a utilização de barreiras representadas pelos EPI, bem como a utilização de outras medidas visando a biossegurança do profissional de saúde e do cliente assistido, com foco no ambiente hospitalar (GIR et al., 2004).

Por outro lado, nas últimas décadas, em vários países, inclusive no Brasil, houve expansão de serviços de Atendimento Pré-Hospitalar (APH). Com eles, surge a criação de um novo campo de atuação aos profissionais da saúde (médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem), assim como a inclusão de categorias não oriundas da saúde, como bombeiros e condutores de veículo de urgência, inseridos na mesma temática, de prestar assistência aos pacientes em unidades móveis de emergência (ambulâncias) (BRASIL, 2002).

A estratégia de chegar até a vítima o mais rápido possível, estabilizar no local, proporcionando o restabelecimento de suas funções vitais e transportá-la rapidamente ao hospital, exige dos profissionais decisões rápidas e ações precisas, expondo os profissionais a riscos como infecções e acidentes. Considerando que na primeira abordagem, ou seja, no primeiro contato com o paciente, não é possível identifica- lo como uma ameaça em potencial ao profissional de saúde, são recomendadas as Precauções-Padrão para que os mesmos não entrem em contato com sangue ou fluidos corporais (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2011).

Apesar de semelhantes aos cuidados observados no ambiente intra-hospitalar, principalmente nas salas de emergência, existem algumas particularidades do APH que devem ser consideradas, e que torna os profissionais que prestam este atendimento mais expostos aos riscos no seu ambiente de trabalho quando comparados aos que trabalham nos hospitais. Exemplo são as condições desfavoráveis de luminosidade, espaço físico, restrição para execução de técnicas como lavagem das mãos, além de fatores externos como chuva, calor, frio, fluxo de veículos, escadas, falta de higiene, presença de animais, pessoas agressivas, tumultos sociais e tantos outros. Observa-se ainda em APH, além dos diferentes riscos ocupacionais físicos, ergonômicos, químicos, biológicos e psicossociais, o risco mecânico ou de acidentes, que pode ocorrer por falhas mecânicas, pelo próprio deslocamento da ambulância no trânsito, entre outros. Ainda não foram criadas leis específicas para regulamentar estas questões (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2011).

Para a prevenção destes riscos, é prioridade a avaliação da cena para todos os envolvidos em um incidente, e significa assegurar que a cena seja segura. A segurança de cena não diz respeito apenas à segurança da equipe, mas também à do paciente. Todo paciente em situação perigosa deve ser retirado para uma área segura antes de se iniciar a avaliação e o tratamento (NATIONAL ASSOCIATION OF EMERGENCY MEDICAL TECHNICIANS, 2011).

Tendo em vista a ênfase dada à importância da capacitação para leigos e a divulgação do conhecimento e aplicação das técnicas de SBV na vigência de uma PCR na comunidade, ao atender uma vítima que necessite de RCP na qual se dispõe de pouca ou nenhuma informação sobre a mesma, é importante o conhecimento dos cuidados, principalmente com a segurança da cena e a transmissão de doenças (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2010).

Apesar de o indivíduo leigo desconhecer o mecanismo de transmissão das doenças, ele possui o entendimento de que as doenças infecciosas são transmitidas de pessoa a pessoa, decorrentes de falhas no processo de cuidar ou do próprio comportamento humano (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2010).

Com isto, torna-se necessária a ampla divulgação da aplicação destes cuidados, de modo que, além do uso de protetores como luvas de látex (se disponível), o leigo deve ser orientado quanto à existência de equipamentos mecânicos de ventilação, como máscaras para ressuscitação com válvulas que desviam o ar expirado, apesar desta não ser essencial nos primeiros minutos da RCP, uma vez que o gasping espontâneo e as compressões cardíacas são capazes de manter a oxigenação cerebral (AMERICAN HEART ASSOCIATION, 2010).

 

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